quarta-feira, 30 de maio de 2007

Domingo dia 27 de maio

Acordei às 5hs da manhã. Olhei pela janela e a escuridão da noite ainda reinava com um belo céu estrelado que anunciava um belo dia que estava por vir. Estava muito frio. Tomei meu café matinal e tratei de me agasalhar bem. Estava empolgado, pois esta era a primeira viagem com minha moto. Joguei a mochila nas costas e parti...

Encontrei com o Alex perto de sua casa. Fernandes, que também iria de moto já me aguardava. Alex esperava o Mauro, juntos eles iriam de carro. Partimos na frente então eu e Fernandes com destino a Teresópolis.
Foi bom quando os primeiros raios de Sol surgiram para me aquecer. Minhas mãos, mesmo com luvas, estavam duras de tanto frio. Eu estava feliz, curtindo a viagem sobre duas rodas.

Chegamos em Teresópolis, mas continuamos andando atravessando a cidade. Do centro da cidade já era possível avistar a montanha que nos fizera sair de casa para nos aventurar hoje: o Dedo de Deus! Essa montanha, o símbolo da escalada no Brasil, sempre foi meu sonho desde que me conheço por montanhista.


Paramos as motos no estacionamento de um restaurante, diante da gigante rocha que aponta o indicador para os ares. Impressionante, bela! Olhando de baixo não era possível imaginar uma rota que levasse até seu cume. Neste momento entendi muito bem o motivo dessa montanha ter mantido por muitos anos, até mesmo fora do Brasil, principalmente na Europa, a lenda de que era inacessível.
Mochilas nas costas, iniciamos a caminhada. A trilha estava muito fechada com várias árvores caídas atravessando o caminho. Fortes subidas que exigem um bom preparo físico. Chegamos na parte onde predominam as caminhadas sobre rochas. A partir deste trecho existem vários cabos de aço para auxiliar na subida. Chegamos numa bifurcação na trilha, seguimos pela direita pois o combinado era fazer a escalada pela via Leste com a Maria Cebola. Era hora de se encordoar e preparar o equipamento para a escalada. Mosquetões, cordas, costuras,sapatilha, baudrier. Nos separamos em duas duplas, para fazer duas cordadas juntas e ganhar tempo. Eu e Fernandes fomos na frente, com a Fernandes guiando o início. Estava empolgado por escalar as famosas chaminés do Dedo, nunca tinha feito esse tipo de escalada antes e estava adorando. Pela primeira vez descobri uma vantagem em ser baixinho magrinho: conseguia escalar melhor entre as apertadas chaminés! Me senti tão a vontade que resolvi guiar um lance. Ao perguntar pro Alex por onde eu deveria seguir, ele me disse pra fazer como no filme “Poltergeist“: “Siga a luz! Siga a luz!” Eu segui rindo e entalando meu corpo pelas chaminés, feliz por estar ali. Mais adiante chegamos na famosa parte conhecida como “Maria Cebola”. Fernandes me explicou o motivo do nome: “Várias pessoas choram quando chegam aqui, como se estivessem descascando Cebola”. É a parte mais exposta da escalada. Tendo um enorme abismo é bom você nem olhar pra baixo, evitando assim que as perninhas tremam e você escorregue nas aderências. Que perrengue delicioso!

Mais algumas pequenas chaminés e depois logo chegamos na famosa escada de ferro que leva ao cume. Subi correndo e logo cheguei no cume, deslumbrado com o visual! Várias montanhas, belos picos. Dava pra ver o Morro Açú, em Petrópolis. Pedra do Garrafão, Sino, Escalavrado, Dedo de Nossa Senhora, etc... Lindo demais! Assinamos o livro de cume,lanchamos e batemos bons papos. Logo em seguida chegam outras pessoas no cume, eram 3 escaladores do CEP- Centro Excursionista Petropolitano.


Chega a hora da descida. Decidimos fazer o rappel pela via “Teixeira”. Armamos o rappel tendo um gigante negativo abaixo. Fernandes desce primeira e chega na primeira parada de grampos duplos. Agora é minha vez. Não tem como não sentir medo num rappel desses. Desci rápido pra chegar logo nos grampos. E meu medo aumentou ao cair a ficha e perceber que teríamos que ficar nós quatro em apenas dois grampos “pré-históricos”. Envelheci uns dez anos da minha vida imaginando os grampos se soltando com nosso peso. Fizemos uns quatro rappéis nesse esquema até chegar numa boa base, já com apoio. Que alívio!

Começa a chover forte. Ainda bem que já tínhamos passado da parte mais perigosa do rappel. Ainda tinha as partes com cabo de aço para descer. Minhas mãos estavam castigadas e me arrependi por não ter levado um par de luvas. Logo em seguida chegamos na estrada, onde olhei mais uma vez o imenso Dedo para admirar. Fizemos um lanche e logo começamos os preparativos para a volta. Ainda tínhamos uma longa viagem de moto até Petrópolis, já de noite e debaixo de chuva, pra completar a aventura!

“Hoje tive o prazer de realizar um velho sonho que vivia nos meus pensamentos, na minha alma. Estou feliz por estar neste lugar mágico, que somente bons aventureiros conseguem pôr os pés. E que a realização de um sonho vire estímulo para a criação de novos!” Michel Schanuel Girardi- Petrópolis RJ. 27/05/07
Estas foram as palavras que deixei registradas no livro do cume.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gente do céu...
Como eu espero por um livro desse cara!
Eu fico igual uma doida rindo das coisas que ele apronta!
Cada aventura, cada "perrengue", ...
Gente, oq é o Michel?
Adorei a história da vez.. e achei mto belas as palavras que deixou no livro!!!
Bjus enormes e ótimas aventuras pra vc!

Nelson disse...

ok, vc foi o "pioneiro" desta vez, mas q eu ainda vou nesse cume eu te garanto !!!

Abração !

marcelo vava disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
marcelo vava disse...

e ai meu brother ,po cara te admiro por que vc é uma pessoa muito boa , e sempre podemos contar com vc, espero que nossa amizade fique cada vez mais forte , aqui vai um abraço bem forte tambem vlw.