terça-feira, 20 de março de 2007

Pedalar é preciso.

Acordo 6:30h da manhã com o despertador tocando freneticamente. Me levanto da cama e começo a rotineira tarefa de arrumar os preparativos para a pedalada. Equipo a bike com água, gel energético, ferramentas e um dinheiro qualquer. Filomena, a minha bicicleta nova, não teve descanso um dia sequer depois que a comprei.

Na hora marcada Rogério aparece na minha casa. Partimos então, rumo ao Rocio. BR-040, adoro pedalar nessa estrada de manhã. Com o asfalto impecável dá pra manter uma boa velocidade. Na entrada do Rocio o piso passa a ser formado por pequenos blocos de cimento, ainda assim bom pra pedalar. Esse trecho é o lugar que eu mais gosto de pedalar. Com suas ruas cercadas de Mata Atlântica, sinto uma boa sensação na mudança do ar que respiro.

Rogério descia como um louco as grandes ladeiras, e eu seguia sempre colado o acompanhando, mas com um enorme receio de encontrar de frente com um carro. Passamos por um haras onde belos cavalos se exercitavam. Paramos num boteco para fazer um lanche com bebidas energéticas e algumas paçocas. Decidimos que iríamos fazer uma trilha com o começo no final do ponto de ônibus Rocio. Seguimos por uma rua cercada de cachoeiras. Hora cercada por eucaliptos, que a deixam com um perfume delicioso, outrora por pinheiros e araucárias (minha espécie favorita). Tendo sede, é só parar numa bica e saborear uma deliciosa água pura e geladinha.

Chegamos no ponto final do ônibus, onde se inicia a trilha conhecida como “trilha do Cindacta”. Nunca passei desse ponto, estávamos entrando num território desconhecido e não sabíamos nem mesmo onde sairíamos. Pela primeira vez eu ia fazer uma trilha com a Filó. O começo é bem largo permitindo até a passagem de carros. A beleza desse lugar superou minhas expectativas. Em certos momentos andando dentro da mata, passamos por algumas clareiras nas árvores e conseguíamos ver o belo visual. Belas montanhas. No final do vale algumas pequenas casinhas, muito bem feitas por sinal. O terreno começa a ficar mais acidentado, tínhamos que andar pulando galhos e pedras, desviando de buracos. A trilha bem fechada nos obrigava a carregar as bikes nas costas às vezes. Passamos por um pequeno riacho, na parte mais bela da trilha. Uma grande montanha com uma vegetação bem verdinha contrastava com o azul do céu. Uma árvore com os galhos bem retorcidos formava uma cena perfeita para uma ótima foto. Me arrependi amargamente por não ter levado a máquina fotográfica! Com o caminho acidentado, até que tava demorando pra alguém levar um tombo. Então eu me encarreguei da missão. Passando por umas pedras, me desequilibrei e não consegui soltar o pé do pedal de encaixe. Resultado: um tombo em cima de uma cerca de arame farpado e um formigueiro! Nada demais, minha maior preocupação era com a Filó, mas esta não sofreu nenhum dano maior do que um arranhão na suspensão. Mais na frente, Rogério se deparou com uma goiabeira carregada de frutos. Enquanto pegávamos as goiabas, apareceu um enorme cão Rotweiller. Pra nossa sorte, este estava preso num cercadinho, mas mesmo assim o bicho assustava. Rogério correu muito, pensando que ele podia se soltar. Mais na frente, longe do perigo, ele disse que esse cachorro merecia fazer parte do filme “Senhor dos Anéis”, fazendo companhia para as terríveis criaturas do filme.

Saímos da trilha, chegamos num pequeno povoado. Não tínhamos noção de onde estávamos. Escutei vozes de crianças e constatei que vinham de uma pequena escola. Uma professora nos informou que estávamos no Vale das Princesas, cidade de Miguel Pereira. Teríamos ainda 7kms de estrada de terra até chegar no Rocio. Belos sítios nos arredores. O vale é lindo, só que infelizmente não deparamos com nenhuma princesa no caminho.

Esse trecho se chama “trilha do Facão” e é bem conhecida em Petrópolis. Essa estrada de terra liga a cidade de Petrópolis com Miguel Pereira e Paty do Alferes. No caminho passamos por algumas pontes de madeira de lei, construídas na época do Império.

Depois de cansativas subidas, ladeiras que exigiam muita frenagem nas bikes e castigavam nossos dedos e braços, chegamos no Rocio novamente. Paramos novamente no barzinho para lanchar. Mais energéticos e muitas paçocas. Começou a chover forte, ficamos ali descansando e esperando a chuva dar uma trégua. Já estávamos perto do meio dia e várias crianças saíam da escola que tem ali perto. Algumas entraram no bar pra comprar umas balas e ficamos ali conversando com elas. Algumas olhavam com curiosidade as bicicletas. Um garotinho me falava com orgulho de uma bicicleta sem freio que ele tem. Outro me perguntou meu nome. Eu perguntei se ele sabia ler, ele disse que sim. Então eu disse que meu nome estava escrito na minha bermuda. Ele leu “Mi-chel” e começou a rir. Nós rimos bastante com eles também. A chuva parou, decidimos partir. Um grande coro de crianças nos deu “tchau”.

Mais subida forte, até chegar na BR-040 novamente. Em certo trecho vi dois lindos gaviões no topo de uma árvore. Eu gritava imitando o som que eles emitiam e um deles sempre me respondia. O Rogério é testemunha que eu consegui conversar com ele durante um bom tempo. Dei "tchau" pra ele e fui embora.

Finalmente chegamos na estrada. Bastante descida agora até a minha casa, rapidinho chegamos. O ciclocomputador indicava 46 km percorridos. Levando em consideração que a maior parte desse percurso foi em estrada de terra e bem acidentada, até que foi uma longa pedalada.

Quero voltar logo para poder tirar fotos desse lindo lugar. Fiquei impressionado com o potencial para trilhas e sua beleza, em todo seu trecho. Mais uma vez, me senti realizado e feliz por poder aproveitar a natureza e sua beleza dessa forma, numa pedalada espetacular! Com certeza me tornarei freqüentador assíduo desse cantinho escondido que pouca gente teve o prazer de conhecer.


3 comentários:

Nelson disse...

Só espero que eu esteja presente na sua próxima visita a esse paraíso.
Eu entendi bem? Bestas ferozes, princesas e goiaba de graça ?

Acho que vcs tiveram um sonho !!!!

Anônimo disse...

putz... impressionante como lendo o seu texto eu consigo imaginar tudo, é como se passasse um filmezinho na minha cabeça!
hahahahaha
engraçado foi no meu "filmezinho" o tombo q vc levou!! hahahahaha
tadinho.. eu ri demais!
um dia quero participar dessas aventuras com vc!!
bjao!

Anônimo disse...

Oi cara...vc sabe se passa pelo Vale Das VIdeiras a caminhada que sai do Rocio?
Um abraço
Guto
gutoadventure@uol.com.br